Marina Silva é entrevistada do Jornal Nacional



Substituta do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos na chapa presidencial do PSB, a candidata Marina Silva foi sabatinada pelos âncoras do Jornal Nacional, William Bonner e Patrícia Poeta nesta quarta-feira 27, assim como aconteceu com seus adversários. Em 15 minutos de conversa, os jornalistas buscaram questionar a ex-ministra do Meio Ambiente sobre as contradições entre o seu discurso eleitoral, de que é preciso uma “nova política”, e sua conduta.

O principal exemplo utilizado pelos apresentadores foi a polêmica que envolve o jatinho de campanha usado pelo partido de Marina até a morte de Campos, em um acidente aéreo em Santos (SP). Bonner lembrou que a aeronave foi objeto de uma “transação milionária feita em nome de laranjas”. Após a explicação, o jornalista questionou por que Marina Silva não teve a “mesma conduta que exige dos seus adversários” e se informou sobre que avião era aquele. A candidata negou que soubesse das irregularidades.

“Nós tínhamos informação, William, de que era um empréstimo e que seria feito ressarcimento no prazo legal, o pode ser feito até o encerramento da campanha, e que esse ressarcimento seria feito pelo comitê de campanha. Essas informações eram as que nós tínhamos. Não tinha nenhuma informação quanto a qualquer ilegalidade”, afirmou. O apresentador usou a reposta da ex-ministra para confrontá-la com seu próprio discurso eleitoral.

“Quando os candidatos são confrontados [com denúncias], dizem que foram enganados. Muito comum é o discurso que a senhora está usando. O que difere seu comportamento dos outros?”, rebateu Bonner. “Difere no sentido de que esse é o discurso que tenho utilizado em todas as situações e não como retórica. Com interesse de fato de que as investigações. Meu compromisso é com verdade. A verdade não virá pelo partido, nem pela imprensa e sim pela Polícia Federal”, complementou ela. O apresentador, no entanto, insistiu. William Bonner perguntou se não faltou a Marina Silva o rigor que ela costuma cobrar dos outros candidatos. “Eu estou aguardando com todo rigor [o resultado das investigações]. Não uso dois pesos e duas medidas”, respondeu.

A âncora Patrícia Poeta lembrou, então, que na eleição presidencial de 2010 a candidata ficou em terceiro lugar no Acre, seu estado de origem. Isso porque a ex-ministra, então candidata pelo PV, acabou trás de José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Questionada se isso não é sinal de sua desaprovação entre o próprio eleitorado, Marina disse que a distância para os outros candidatos não era tão grande assim. Poeta retrucou e citou os números: Serra com 52,18%, Dilma com 23,74%, e Marina com 23,58%. A ex-ministra deu a entender, então, que Patrícia estava mal informada.

“Talvez você não conheça bem minha trajetória. Você tem um certo desconhecimento. Não sou filha de político tradicional. No meu estado, para ser eleito, era preciso ser filho de ex-governador, senador”, argumentou. A apresentadora perguntou, em seguida, se ela estava culpando os acreanos pelo desempenho ruim. “É culpa da circunstância”, defendeu Marina.

Na sequência, Bonner perguntou sobre o vice na chapa da candidata, o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS). O jornalista afirmou que ele foi “protagonista” na aprovação de projetos de lei contrários aos interesses de Marina, como a questão das células-tronco e a proposta que permitiu o plantio da soja transgênica no Brasil. A ex-ministra disse, entretanto, que é “lenda” a versão de que ela é contra a produção de alimentos transgênicos. E voltou a defender a união com Albuquerque.

A explicação levou o jornalista a voltar a questionar a conduta da candidata. “Quando a união de opostos se dá com a senhora, entãol é em prol do Brasil. Mas quando se dá com seus adversários, é velha política?”, ironizou o apresentador. “Você está trabalhando com apenas um lado da moeda. Não está claro para você, mas vou deixar claro para o telespectador”, criticou Marina antes de complementar a resposta. “Temos opiniões diferentes [ela e Beto Albuquerque. Mas estivemos trabalhando juntos porque ele foi relator da  Lei de Gestão de Florestas. A vida não tem essa simplificação que a gente acha. Isso não tem nada a ver com velha política. Marquei minha trajetória trabalhando com os diferentes”, concluiu a candidata.

Carta Capital


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