Na Política de Laguna, nos Encontramos como que o José, de Drummond

E agora, José? E agora, Laguna? E agora, você?


Opinião
Foto: Web

Neste momento, a política de Laguna nos leva a pensar no que fazer diante do quadro atual.

Que semaninha mais insossa para quem acompanha a política de Laguna Carapã mais de perto, não aconteceu nada de mais relevante, pois todos de alguma maneira definiram seus caminhos nas duas últimas semanas anteriores, uns por conta das mudanças de partidos para não perder a janela eleitoral, outros, pelas exonerações que precisaram assumir e, por fim, o encerramento das filiações.

Me veio à mente o poema de Carlos Drummond de Andrade, José. Que, em meio a tantas indagações nos convida a pensar no que vem depois de tudo, depois do agora, depois do que tudo acabou e, até mesmo, no depois do depois. Em seus versos mais contundentes diz “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você?”

Com o fim de todo esse processo inicial do período eleitoral, todos devem redefinir posicionamento e suportar a alegria ou o melancolismo resultante da escolha que fez. Apesar do lançamento de candidatura, é fato que temos políticos que ficaram no isolamento e agora terão que ficar na casca até que voltem a ser galanteados, pois são nomes fortes, mas que buscaram uma empreitada sem medir corretamente quanto poder de fogo tinham. Particularmente, penso que se fossem mais imbuídos de idealismo e coragem, deveriam seguir em frente. Mas talvez sejam o que mais enfrentam a desafiadora pergunta “e agora? ”.

Mas, mesmo entre os grupos definidos, a paz não se estabeleceu porque ambos ainda estão sem o candidato a vice-prefeito e as opções não param de pipocar, há uma série de possibilidades e o que vai definir, ao que parece, infelizmente, vai ser a capacidade financeira do virtual candidato. O dilema é, o que é mais importante neste momento? É o número de votos que uma pessoa pode angariar com sua personalidade cativante e popularidade ou se, apesar do nome ruim, o que vale mesmo é o quanto de recursos pode atrair para uma campanha.

No campo das composições tudo ficou muito equilibrado, a banda de vereadores vai mesmo tocar duas notas principais, três do lado do PSDB e três do lado do PMDB, e para definir o lado sobraram outros três, sendo que um deles, apesar de todo fogo de palha, praticamente, já está rendido ao PMDB, dado ao rumo das negociações das vagas abertas pelos exonerados.

O fato é que esse período de agora é a do amoitamento, no mais típico sentido mineiro, tudo é feito nos bastidores, é o tempo das reuniões familiares, das conversas não divulgadas, você viu caciques partidários por Laguna Carapã na semana passada? Não? É porque agora ainda não é a hora de vê-los, pois estiveram por aqui, e ninguém soube e ninguém viu a não ser os que estão negociando o que fazer. Nós, apesar de atores principais, ainda estamos sendo tratados como meros coadjuvantes, mas somos também Josés, muitos, diga-se de passagem, deixados para definir as coisas depois, mas, ainda assim te pergunto “ e agora você?”, querido eleitor, como fica você?

Aqueles que esperavam por um contexto eleitoral diferente em Laguna Carapã, agora terão que começar a definir entre as duas opções. Por um lado, a situação que, ao que parece, de última hora vai procurar, finalmente, conquistar o povo, tivemos um tapa-buraco recorde, um lixão que sumiu em menos de um dia e, certamente vem mais agilidade e produtividade em alta velocidade, o que não deixa de ser bom para nós. Por outro lado, temos uma oposição que já deu o tom do que vai ser esta campanha, fez ressoar um enorme MENTIROSO, nas redes sociais, com relação aos atos da administração municipal. Se não era isso que você esperava, eleitor, se prepare, vem jogo duro por aí, e decida o que você vai fazer.

O importante é que devemos lembrar que o poema de Drummond termina com a esperança, apregoando que sempre existe o depois, que não devemos desanimar apesar do que vemos e vivemos e muito menos por causa da política porque o José, de Drummond, é o cidadão brasileiro, é a gente de Laguna Carapã do qual se pode dizer “Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teologia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?


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